sábado, abril 26, 2008
Pergunta de quem não tem nada que fazer
sábado, abril 19, 2008
The Original BITCHES!!!
A moda existe desde que o homem teve a brilhante ideia de que teria de se cobrir. Fosse por que motivo fosse, proteger-se do frio, das feras ou de um sentimento de pudismo lá se lembrou de se tapar com o que houvesse à mão. Claro que na altura a 'roupa' não era igual entre pessoas, por isso, já se pode falar ainda que não tivessem consciência disso, de estilo pessoal. O tempo passa, as vestes tornam-se mais sofisticadas e ornamentadas, criam-se diferenças fundamentais entre as pessoas, como seres singulares que são, entre povos, entre classes. Hoje temos a sorte de olhar para trás devido aos inúmeros registos: sejam livros, fotografias, gravuras, testemunhos, etc. que sobreviveram para contar a história do vestuário. É, em primeiro lugar uma necessidade, depois o testemunho de uma personalidade. Nem todos podem adquirir um fato Armani ou um vestido Cavalli. Mas também nem todos têm dinheiro, o gosto, o corpo, ou a vontade. É a beleza disto tudo: o poder de escolha. E se quisermos andar mal vestidos... Quem é que nos vai dizer que não?
Essa é para mim a ideia peregrina e que anda a encher bolsos a olhos vistos. Que tal pegarmos em alguém com completa ausência de gosto e renovar o seu guarda-roupa (nas montras que escolhermos claro)! Primeiro, acho isso do mau gosto muito relativo. Eu posso achar que tenho um estilo eclético, jovial, primaverial e resumindo muito bonito e a vizinha do lado não. Enfim... a BBC criou um programazito que cedo se tornou dos mais vistos com duas fashion gurus, as quais nunca ouvi falar na minha vida, (embora reconheça um conhecimento muito limitado dos grandes nomes da moda na actualidade), em que amigos, colegas, etc. seleccionavam alguém que lhes parecia necessitar de intervenção urgente no guarda-fato. O programa What not to wear desenrolava-se com uma série de entrevistas mais ou menos contidas dos traidores em que falavam sobre a roupa da pessoa em causa e o que os motivava a denuncíar o mau gosto à BBC. Em seguida, eram as gurus que faziam comentários maldosos sobre as roupas enquanto viam videos da pessoa com as tais horrorosidades. Lá chegava o momento da confrontação em que sem desconfiar dos seus entes queridos a vitíma era atirada às feras de camera em punho e forçada sobre forte coacção psicológica a mudar todo o seu guarda-roupa. Sim, era com dinheiro oferecido pelo programa, mas em lojas por ele escolhidos, a roupa previamente aprovada pelas divas da moda. O fim do programa passava pela ideia de crescimento: antes era um patinho feio e agora um principe ou uma cinderela dos tempos modernos, muito fashion que ninguém poderá parar devido ao seu fortíssimo sentido de estilo!
Acho uma experiência muito interessante algo que nos levante a auto-estima e até um sentimento de realização pessoal, mas é no mínimo desnecessário ver duas tipas que não conheço de lado nenhum e ainda por cima mal vestidas (desculpem qualquer coisinha mas é verdade) virem-me dizer que naquelas roupas pareço uma vaca gorda ou uma puta se eu gostar daquilo que ponho no meu corpo! Enfim, estas cabrinhas estão, imagine-se só?! mais magras, com umas contas bem recheadas e com livros publicados. Entretanto, a versão alastrou para os E.U.A, onde se tem direito a uma versão mais soft, se bem que tirada a papel químico da original. E tornou-se moda fazer uma makeover, que entretanto passou a extreme e expandiu-se a outras áreas como a própria casa (home edition, people & arts) e até ao corpo!!! Agora o corpo é feio faz-se uma cirurgia, algo muito descomplicado para se aumentar a beleza, auto-estima e já agora, vaidade, narcisismo, egocentrismo. Na verdade basta haver um pequeno defeito para se fazer uma transformação total do corpo. E pelos vistos é desejável socialmente e até aceitável. Ok, por mim tudo bem. Só acho que o que é demais é exagero. Ver pessoas que até vestem bem mudarem completamente de estilo, por terem uma ruga fazerem implantes mamários e uma lipoaspiração, mudar o quarto de hospedes que tem um verde horrível que já não se vê desde os anos 80. Começa-me a parecer tudo mais distante e fútil e paranóico.