quarta-feira, julho 25, 2007

Aprender a ser egoísta

Gosto muito de vós mas AINDA GOSTO MAIS DE MIM.

Recuso-me a dar o prazer da minha infelicidade a quem a quer.

Tomem e embrulhem!

quarta-feira, julho 18, 2007

But life goes on...

"I'm gonna wear a smile and walk in the sun".

Eu (a não ser que o tenha lido em qualquer lado e agora não me recorde onde)

sexta-feira, julho 13, 2007

Como estou?!

Quando chegas a casa eu já sei o que vais perguntar.
Então?
Então o quê?
Como foi o dia de trabalho?
Ah, passou-se.
Só?
Só.
Correu bem?
Foi normal.
E ficamos por aqui. De vez em quando lá tento armar-me em rebelde e atiro-te com outra.
Se queres saber como estou pergunta como estou, não é isso que queres saber?
Quero saber como estás no trabalho.
Está bem.
Sinceramente não sei que mais diga. Todos os dias a mesma conversa e todos os dias o mesmo ponto final. É que não vejo interesse nenhum. Trabalho? Pois, começei há pouco é verdade então e saber como eu estou? Agora é só isso que conta? Ou tens medo que te diga como realmente me sinto? Que estou um pouco perdida, que não sei o que estou a fazer comigo, que não sei para que direcção vai a minha vida. Ou até mesmo que às vezes sinto que estou na m****, que o meu coração me dói a toda a hora, que acordo e me deito triste, que estou longe dos que me poderiam dar a mão neste momento complicado, que não me sinto capaz de sorrir, quanto mais me adaptar a um conjunto de estranhos cujo único interesse é livrar-se do seu próprio trabalho e atirá-lo para a nova rapariga... E teria muito mais para dizer, mas não queres ouvir. Acho que não te interessa saber como estou... Porra, estou mesmo lixada. Apetece-me mandar tudo à merda. E já me estou a cagar para a linguagem bonitinha e queridinha e sem boçalidades. Fui.

Achei que devia perguntar

Alguém me sabe interpretar um sonho que envolve corações de brincar, uma pistola que é na verdade uma bisnaga de água, uma professora de inglês que nunca nos deu aulas e o nosso último amor?

sábado, julho 07, 2007

Até sermos felizes

Pegou no bloco e começou a escrever. As linhas foram preenchidas num instante que quando estava inspirada não era de brincadeiras. Eram contos, versos, crónicas, enfim… Tudo quanto viesse. A qualidade era discutível, diria ela. Mas não se pode fazer tudo e o talento não está em tudo. O talento está apenas em duas ou três coisas, mas nessas… bem, nessas somos especiais.
Houve dias em que pensou que não era capaz e em que duvidou de si própria. Esses momentos não passavam de incertezas ridículas. E que não precisava da aprovação de ninguém, por quanto tempo existisse, sabia que a primeira pessoa a acreditar nela tinha de ser ela própria. Que só nós fazemos as coisas acontecer, que as linhas que escrevemos estão sobre a nossa orientação. E que a intervenção dos outros não passa de mero acidente.
Se são bons ou maus que interessa. Riscam-se as linhas e continua-se a escrever novas. Por muito poderosos que sejam os percalços nós ainda somos mais. E cada dia descobrimos uma força e uma vontade desconhecida e desmedida. Até sermos felizes.

E eu sinto-me tão triste

Sinto um peso dentro de mim. Acordo e deito-me assim. Tento deitar fora o que me aflige mas não há forma de sair. Os olhos semicerram-se para tentar evitar a torrente que ai vem. Quase consigo adivinhar quando vem a próxima. É impossível de combater. Revejo vezes sem conta o que foi, é, seria. E começo a brincar aos e ses, logo, agora que já nada posso fazer. E esta deveria ser a época mais feliz de sempre. "Tudo corre bem". Mentiras. Que contamos a nós próprios e aos outros para nos sentirmos melhor.
E eu só quero transformar isto em algo destrutivo e mandá-lo para o mundo. Quero ser egoísta. Porque quero que este ácido que me corrói por dentro não seja só meu. Será mesmo possível que eu queira sentir-me bem com a desgraça dos outros? Penso para comigo que a vida há-de prosseguir. É verdade. Mas é neste preciso momento que a vida parece não querer passar para mim. Apenas no seu modo mais lento e decadente.
E eu sinto-me tão triste.

segunda-feira, julho 02, 2007

Mitos Urbanos VIII

Era perto da uma hora e o último comboio estava a chegar. Num ímpeto de quem está arrasado mas já só quer chegar a casa correu e por pouco as portas não se fechavam com ela a entrar.
Não havia vivalma. Sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha suada. Avançou lentamente pelo comboio. Com sorte haveria um grupo ao qual se pudesse juntar. Com sorte até poderia ser que encontrasse gente decente e não ladrões ou pior. A necessidade de estar acompanhada e o medo de ser confrontada com uma situação perigosa àquelas horas da noite era demais para ela suportar. De modo que quando viu um velhinho encolhido junto ao vidro duma das carruagens não hesitou.
A viagem ainda seria longa, ao menos teria companhia durante algum tempo. Contudo, cedo começou a se sentir incomodada. O homem não parava de a fitar. Olhos esbugalhados mesmo. O seu olhar não a largava um momento que fosse. Talvez devido à sua boa educação pegou num livro e fingiu ler... Mas a leitura não estava fácil, sentia ainda um olhar a pairar sobre si. Aqueles dois olhos gigantes atormentavam-na. Começou a tremer e a suar bastante com a tensão mas já não podia mais.
Levantou-se e resoluta tocou no ombro do homem. Não se mexeu, não pestanejou sequer, continuava a desafiá-la. Ora o medo desapareceu. Aquele ser só estava ali mesmo para a assustar. Deu um forte encontrão no homem... E os olhos vidrados continuaram a fixá-la mesmo quando rolaram para o chão. E ainda faltavam tantas paragens...