segunda-feira, março 10, 2008

Diálogo Interior . 13.08.07

Ele era lindo. Era? Agora que penso nisso não era assim tão bonito. E querido e interessante. Pois, para dizer a verdade já não sei onde fui encontrar essas qualidades. Era simpático, atencioso q.b. e tinha conversa, mas não àquele ponto. Eu é que me encantei e ampliei aquilo que julguei ver. Então e o sorriso? Adorava aquele sorriso. Acho que nunca vi nada tão bonito antes. Er, se calhar não. Se me lembro bem e eu sabia-o de cor, tinha uma pequena falha nos dentes. E se dava uma gargalhada… A primeira vez que a ouvi pensei como era estúpida. Mas pensei: ‘Nomyia, não vais já começar a encontrar defeitos!’ Porque não podia. A exigência era de tal forma elevada que nunca à face da terra existiria homem capaz de satisfazer o ideal que este corpo já um pouco magoado formara. Percebi a tempo que era uma forma de o meu inconsciente me proteger. Se não existisse o tal, nunca sentiria amor, paixão e todas as coisas boas (e más) que acompanham uma relação e assim, nunca me magoaria.
E neste momento, olho para trás e vejo as coisas boas e as coisas más e penso que as coisas más não se devem sobrepor às boas porque isso cria apenas um cancro dentro de mim. E penso que a devastação é mais do que suficiente para continuar a sentir rancor! Por outro lado, as coisas boas não foram tão boas assim. Afinal, se estava tão bem, então porque me sentia tão triste? Por fim, olho para toda esta racionalização e chego à conclusão que as saudades nada têm de racional. Sei que é muito simples, redutor e irracional mas a verdade é que já não sinto o teu cheiro…

PS: Este texto é antigo e já não reflecte a realidade.

7 comentários:

ricardo disse...

:)
*

Ci Dream disse...

se nao reflecte a tua realidade...tens sorte por ter superado isso...

beijos incomuns da ci

Benfiquista disse...

É engraçado essa parte do ''pensei: Nomyia'', lol tou a imaginar me a mim mesmo quando usava o nik de grão vizir e dizer isso pa mim mesmo hihihi

bj

Nomyia disse...

João: pois. ainda bem que não tenho um nome daqueles muito, muito cómicos ou mesmo pornográfico :D
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Belzebu disse...

O texto até pode já não reflectir a tua realidade, mas olha que em certos momentos da vida este mesmo texto, poderia ter sido escrito por qualquer um de nós!

É assim, sempre que os nossos olhos se deixam enganar por um coração cego!

Aquele abraço infernal!

Anónimo disse...

as coisas más não se devem sobrepor às boas. é verdade. não convém, também, é venerar as coisas boas, colocando os maus momentos no caixote do relativismo.

mas não, as saudades não são nada racionais - diria até que são menos racionais que o amor ou o ódio. a verdade é que "aquela" pessoa não era boa ou má, mas simultaneamente boa e má. e nós gostávamos do conjunto.

Nomyia disse...

Belzebu: sim, acho que qualquer um já sentiu ou pode vir a sentir o mesmo. Demorou, mas finalmente consegui dar 'a cara', expôr, aquilo que senti!
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John: não venero as coisas boas, senão nunca mais sairia do buraco! Mas no fim é preciso entender que foi o que foi e que valeu pelo que valeu sem estar a tornar a experiência excessivamente negativa ou o contrário, (não me consegui explicar melhor).
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