terça-feira, outubro 23, 2007

Rush of blood to the head...

Era assim que se sentia... Sentava-se no chão da pequena salinha escura numa solidão convidada. Cruzava as pernas e ajeitava-se com o portátil novinho em folha. Passava sempre a mão pela tampa, como se de um gesto se tratasse. Hábito diria mais. Tinha sido tão desejado... Password... e a primeira coisa que fazia era ligar o mediaplayer. Era assim para o conservadora: só músicas com pelo menos uns dois, três anitos até ao fim dos anos setenta. Na sua lista só entrava aquela música que já tinha amadurecido. Os novos hits só na rádio e apenas para companhia. Um pouco como o vinho, de que até nem gostava muito. Era mais do género de entrar dentro da música, aquelas que só passado alguns anos nos conseguimos identificar e só após termos passado por dadas situações conseguimos, no nosso âmago compreender. Sem ela não conseguia escrever. Era como uma musa. Fazia sentir tudo o que não nos conseguimos forçar a sentir num dado momento e usáva-la para avançar com as palavras. Electrizante, hipnotizante, bela como se querem todas as coisas. Fazia afluir o sangue ao cérebro e lá as célulazinhas pareciam mover-se na sinfonia que os lentos dedos tentam traduzir em frases e essas em texto. Como a música 'rush of blood to the head'...

8 comentários:

BlueShell disse...

Li com muito interesse...gosto do teu estilo!
Hoje não dou beijos pois isto da gripe é contagioso...
BShell

Benfiquista disse...

bebeste demasiado na tasca do jimbélé? lol

Nomyia disse...

Grão Vizir: Nop, isto são mesmo drogas duras!!!
*****

ricardo disse...

...gostei!...
***

Nomyia disse...

anónimo:?????
*****

poca disse...

"aquelas que só passado alguns anos nos conseguimos identificar.."

nem todas as pessoas dão o salto.
a maioria fica-se pelo que a rádio oferece.
as que sim. as que procuram a música que as enche a elas. essas, têm gosto. independentemente de qual seja ele. o bom e o mau é relativo nestas questões.

Alien David Sousa disse...

Gostei Nomyia, e sabes que mais; muitas vezes escrevo ao som de musicas que já são "velhinhas", não sei bem porquê mas inspiram-me.
Beijinhos

Alien David Sousa disse...

Esqueci-me do P.s habitual.

P.s para quando um mito urbano? ;)