Há dias em que certos sinais não nos largam. Um objecto que deixamos cair vezes sem conta. Ou as nossas mãos perderam a força ou foi o objecto que tomou vida própria e que não se vai resignar à nossa vontade... Uma música que parece surgir de nenhures e nos deixa atordoados com as lembraças que traz agarradas... Estarmos absolutamente convictos de que fizemos uma coisa e afinal não a fizemos... Um sentimento ou uma palavra que nos persegue durante um período. Palavra essa, tão ouvida e repetida até à exaustão que juramos entre dentes que a proxima vez que a ouvirmos libertamos o que há de pior em nós (nomeadamente destruir a máquina ou torcer o pescoço da pessoa que a produziu). Foi isto que me aconteceu. Foi este último sinal que me assolou e não queria descolar. Tudo começou esta manhã. Esfregava os olhos meio morta de sono entre o zapping quando vi o casal mais amoroso. Os dois deviam fazer facilmente duas centenas de anos e ao que (consegui) ouvir foi um daqueles casamentos saídos da escola primária. Estiveram (e estão), toda uma vida casados sem conhecer mais ninguém e satisfeitos consigo mesmos. Até aqui nada de mal. Mais um daqueles casos de conheceram-se, casaram-se tiveram muitos filhotes e viveram felizes para sempre (e adivinharam, estava a ver o Praça da Alegria mas tenho a dizer, em minha defesa que acabara de acordar e, como tal, não estava na completa posse das minhas faculdades mentais). Mudei de canal. A RTP2, esse belo canal cultural apresentava um trailer do Brokeback Mountain, um filme que pode ser muito bom mas que não vi, tão cedo não o poderei ver e é uma história de amor com a qual não me identifico. Sic. A tertúlia não sei do quê, sobre o casal que se separou ou não se separou (não cheguei a conclusão nenhuma, perdi-me naquela confusão de berros de colunáveis que acreditam manter uma conversa civilizada). Ah, podem estar descansados que o casal, apesar de tudo continua muito apaixonado. Acreditem que o meu sono será melhor por saber isto. No quarto canal, (que dizer sobre ele), vi o excerto da apresentação de um action movie (série B) com mais cenas de sexo gratuito que acção propriamente dita, (ou então é mesmo isso que eles consideram acção), não tenha nada contra, há quem goste bastante mas àquela hora podem atrair atenção indesejada (digo eu), na forma de público juvenil. Passeio rápido pelos outros canais: no hollywood um filme qualquer lamechas, don't know and don't care; uma série no people and arts, troca de esposas (deve ser deve) e continuo. Tudo programas sobre amor ou sobre o amor, resultado: voltei para a cama. Sinceramente, só ao final do dia encontrei um bom motivo para rir sobre o assunto na forma de blog. Após um bombardeamento de amor e basicamente tudo o que lhe está associado e que não interessa quando não estamos com tendências especialmente românticas encontrei a razão de ser do dia. Escrever um post a gozar com toda a situação (na esperança de a exorcizar) e divulgar a definição mais brilhante de amor que alguma vez vi: "O que é o amor? Fácil. É quando o sujeito entra pela sala e vê a garota com as mãos cobertas de sangue frente a um cadáver. E antes de perguntar o que aconteceu ou gritar ou desmaiar, ele diz onde a gente enterra? " Sugiro a leitura do artigo integral, bem engraçado, em As Garotas que dizem ni.
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2 comentários:
devias ter mudado pa sic radical ou coisa parecida...
eu compreendo que com o sono não deves ter tido frieza de raciocinio. mas o que relataste so mostra a tristeza da televisao em portugal...
Eu chamar-lhe-ia memória selectiva :)
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