domingo, abril 05, 2009

Dores de crescimento II

Sempre me senti inadaptada até chegar ao ensino secundário. Até ali era uma miúda alta, magra e um zero à esquerda em desportos. Embora já conhecesse, melhor do que ninguém, o quanto as crianças podem ser cruéis. E a tomar a decisão de tentar o mais possível, evitar discriminar alguém, só porque era diferente. Mas referia-me ao secundário. Foi ali que deixei de ter pavor das aulas de educação fisica e que começei a descobrir os mais diversos desportos, a ter prazer em práticá-los e até, ter jeito em algumas modalidades! Um honroso lugar nos regionais de voleibol por equipas e um terceiro lugar num torneio inter-escolar de badminton. Ora tomem lá!
Outra coisa que aconteceu foi começar, sistematicamente ultrapassada em altura pelos meus colegas em altura. E já não era sem tempo. Até poderia ser a mais baixa da turma que não me importava nada! Recordo que não tinha muito menos daquilo que tenho hoje (1,65 e meio!). Dei um pulo gigantesco até ao início da adolescência e depois, enquanto os outros iam chegando às alturas, o meu crescimento foi vagaroso, vagaroso.
E eis que sucede outro acontecimento. Começo a deixar de ser alta, para ser mediana?, e a cara de miúda mantem-se. E ai surgem novos problemas: Desde os 17 anos que me tomam por mais nova. Cheguei ao ponto de, aos 21 anos me sentar na cadeira da dentista e esta me dar 16, da mãe de uma ex-chefe me dar 14, de estar num local de trabalho e me porem as mãos nas costas e me tratarem por filhinha. E o que, pessoalmente eu A-DO-RO, me tomarem por burrinha ou ingénua devido à minha tenra idade.
Sim, até sou nova, o que faz com que não tenha a experiência riquissima de quem é mais velho, mas que mania é essa de falarem comigo de modo condescendente, de me tomarem por ingénua e inofensiva, enfim que talvez não seja a melhor profissional e que não sei nada da vida?
Detesto ser desvalorizada nas minhas capacidades e nem me estou a referir ao facto de ter tirado este ou aquele curso, de já ter passado por vários empregos e de ter viajado. Pensei que o facto de ser uma pessoa, bastaria para que merecesse, desde logo, respeito e não que tivesse de o exigir. E esta tem sido a minha última luta. Sinto-me mal quando me inscrevo em qualquer actividade e sou olhada de lado, porque na mente das outras pessoas aquilo é para mais velhos, sinto-me mal quando vou fazer coisas de adulta e me pedem o B.I., sinto-me mal quando vou a entrevistas e uns potenciais empregadores me dizem que pareço muito novinha e que não preencho o perfil pretendido quando eu sei que ninguém seria tão dedicado como eu. E nas relações amorosas? Tenho aquela aparência de menina e, dizem eles, um olhar inocente. Uma perdição para eles, uma decepção para mim. Eles queriam uma coisa, eu sou outra. Lamento. Muito. E nas outras relações? Esperam que eu seja simples, pura, subserviente. E depois começo a falar e não sou aquilo que esperavam. Era suposto sentar-me no meu canto, caladinha e bonitinha. Engano o vosso, mais uma desilusão minha. Primeiro era grande demais, era velha demais. Agora sou pequena demais, sou novinha demais. Nunca serei boa o suficiente aconteça o que acontecer. Nada disso importa. Felizmente o crescimento ensinou-me que a persistência me levará longe. Não vai ser porque alguém tem uma determinada impressão de mim, que vou desistir do quer que seja. Era só o que faltava!

6 comentários:

Lu.a disse...

Olha, eu até levava essa de parecer muito mais nova como um elogio...daqui a uns anos, lá para os 40, vais agradecer parecer uma "gaiata" (digo eu!).

Alien David Sousa disse...

É essa a atitude!!! ;)

"E depois começo a falar e não sou aquilo que esperavam. Era suposto sentar-me no meu canto, caladinha e bonitinha"

LoooooooooooooL

Um texto de soltou cá de dentro umas gargalhadas ;)

*****alienígenas

Anónimo disse...

Se pareces mais nova, óptimo, mas esses paternalismos são uma merda. É dar um bocadinho de tempo às pessoas para te conhecerem e passarem a saber que tu és o máximo.

Ah, não te cheguei a agradecer os beijinhos enviados via John. Beijinhos para ti :D

Alien David Sousa disse...

MITO URBANO JÁ!MITO URBANO JÁ!MITO URBANO JÁ!MITO URBANO JÁ!MITO URBANO JÁ!MITO URBANO JÁ!MITO URBANO JÁ!MITO URBANO JÁ!MITO URBANO JÁ!MITO URBANO JÁ!MITO URBANO JÁ! :)))


*****

Min! disse...

Lá está aquela mania irritante de julgar sem antes conhecer... como é possível saber-se se uma pessoa vale o esforço se nunca lhe dermos uma oportunidade, de que adianta julgar pelo ser baixa, loura, gorda, magra, divertida, alta, etc por isto ou aquilo, há sempre algum motivo idiota que nos impede de ver para além do aspecto exterior. Infelizmente é o mundo que temos mas eu sei tal como TODOS os teus amigos que tu és uma pessoa incrivel e uma grande profissional na tua area. aguenta-te bem minha querida amiga porque a vida está cheia de boas surpresas, há muito para aprender e descobrir, amigos para fazer e desafios para ultrapassar e desvendar...
E podes sempre contar comigo durante este percurso atribulado!!!!!

P.S: Afinal já não vinha ao teu blog à algumas semanas, mas fica descansada que não era assim à tanto tempo como isso... porque eu ainda cheguei a ler a primeira parte das dores de crescimento ehehehe

Bejos Min!

Nomyia disse...

Min! estás perdoadissima por causa desse comentário tão fofo. Lágrima ao canto do olho acredita! Beijãoooooooooooooooooooooo