Situação: Eu, o meu pai e um puto (de três anos diria eu) acompanhado pela mãe.
Eu e e o meu pai entrámos no metro e encostámo-nos a uma das portas da carruagem um pouco apinhada que ainda faltavam dois dias para o Natal e toda a gente, (mesmo toda a gente!) se lembrou de ir fazer compras nessa altura. É só relembrar a quantidade de sacos que cada pessoa trazia em cada mão e o ar satisfeito: "já fiz todas as compras, o Natal que chegue depressa que mal posso esperar por rasgar o embrulho!!!"
Entre as muitas pessoas que nos rodeavam, (estavamos perto do estado 'sardinha em lata'), estava um puto reguila mais a sua mãe. O miúdo devia ter apanhado a maior seca da sua vida nas compras olhando para todos os lados e lutava para soltar a sua mão da da mãe. Esta tinha o ar um pouco tia de Cascais, que coitada não sai de casa sem o carro e só deve ter apanhado o metro umas duas vezes na vida, sendo esta a segunda vez. Assim, também ela fazia aquele ar de frete, levantando o pescoço como se quisesse respirar acima da multidão, obviamente incomodadíssima com o cheiro e ignorava o miúdo que se contorcia todo na sua mão. Vá lá, ao menos o miúdo não berrava.
A dada altura da viagem o miúdo reparou no meu pai e quase que aposto que ele faz aquele sorrisinho sacaninha de quem vai fazer uma maldade e a vai achar muuuuuuuuuito divertida. E pimba, deu um pontapé no meu pai. Digo já que o meu pai é uma pessoa muito séria, que não conseguiria ser mais indiferente a essas coisas mesmo que quisesse. Olhou para baixo, para aquela miniatura e ignorou-o. Disse-me depois que pensava que a criancinha o tinha pontapeado sem querer. Pois sim, pontapé à traição e com força. Ha.Ha.Ha. E vai daí, outra vez e PIM-BA! Agora com mais força. O meu pai voltou a olhar outra vez para a coisinha e fez um daqueles olhares que qualquer miúdo à face da terra percebe. A partir dali estava o caldo entornado. Pairava agora a ameaça de retaliação.
E o miúdo nem aí. É que tinha aquele arzinho de miúdo mimado que fazia tudo o que queria e não sofria consequências. Além de que a mamã estava ali. E não é que voltou a dar um pontapé? Ainda com mais força. O meu pai não vai de modos, parecia uma mola. Assim, que o miúdo lhe deu um pontapé, o meu pai esticou a perna e deu-lhe um pontapé de volta. Nada de violento, apenas o suficiente para o miúdo ficar assustado. E o toque final: o olhar.
E o miúdo nem aí. É que tinha aquele arzinho de miúdo mimado que fazia tudo o que queria e não sofria consequências. Além de que a mamã estava ali. E não é que voltou a dar um pontapé? Ainda com mais força. O meu pai não vai de modos, parecia uma mola. Assim, que o miúdo lhe deu um pontapé, o meu pai esticou a perna e deu-lhe um pontapé de volta. Nada de violento, apenas o suficiente para o miúdo ficar assustado. E o toque final: o olhar.
A expressão do miúdo, tinham de a ver. Estava com aquela cara de quem não estava nada à espera do que lhe aconteceu, um misto entre o surpreendido e o zangado. Juro que para quem tinha uns três anos, o miúdo já sabia como fazer aquela cara de ódio de morte. O puto olhou com aquela expressão o meu pai durante uns bons segundos e depois lançou-se para a frente, para mais perto da mãe. Escusado será dizer que a mãe nem sequer deu pela cena. E eu não pude deixar de sorrir interiormente até ao fim da viagem.
6 comentários:
LOL!! O teu pai é o meu novo herói!
E se a mãe tivesse visto, às tantas ainda recriminava o teu pai... Não se entende por que é que as crianças são hoje tão protegidas, tudo as traumatiza lol Fez o teu pai muito bem!
Lu.a: também é o meu :)
Lothlorien: Ai dela que dissesse algo ao meu pai. Dizia-lhe logo três coisas sobre a coisinha mimada que ela trazia na mão. Além de que quem tem telhados de vidro, se não quer ficar mal visto, o melhor mesmo é ficar calado! Acho que sim. Respondeu-lhe como um miúdo é certo, mas respondeu-lhe. Sem força e deixou-lhe o recado de que não ia continuar a fazer asneiras impunemente. Se calhar é esse o mal dele em casa. Faz o que quer e os pais nem ai nem ui.
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O teu pai fez bem. E deixa-m dizer-t k por acaso essa mamã n tava a ver. Inda a semana passada na sala de espera para uma consulta tive que aturar um puto com o seu game boy aos berros sentado ao meu lado(eu estava a tentar ler...) com a mãe e a avó a dizerem para tirar o som e ele nada! Ás tantas levou uma xapada da mãe, mas o que me espantou é que retribuiu com a mesma moeda.
Bem, para minha surpresa não se fez mais nada ao menino senão ralhar baixinho e dizer para estar quieto...
Não devia ter mais de 7 anos este pestinha.
Eu só pensava se fosses meu irmão ou filho...
Façam as vontades todas aos meninos e deixem-nos serem mal educados ou, então, fechem os olhos para o k têm lá em casa...mas depois daki a uns anos não se queixem do resultado!
Bj gd!
É por essas e por outras que odeio crianças. Nao gosto especialmente aquela parte em que elas sao mais pequenas mas nao se desviam das pessoas parecendo cegas, e se nao nos desviamos, ainda a atropelamos e depois levamos um ralhete imbecil da mãe da pobre criatura...
E que bem que fez o teu pai. A mãe desse aí também devia ser pouco idiota devia....
Pois, se a senhora tivesse visto o teu pai ainda podia ter problemas! Tudo porque a senhora não soube educar a sua criatura de 3 anos em condições. É que nestes casos a culpa não é das crianças (e eu também não sou propriamente de me derreter com elas "oh que fofinho!!"). Há uns meses estava numa sala de espera com a minha mãe e estava também uma mãe suuuper atenta com o filho. Ora o filho, apesar de estarmos num local fechado, acho por bem experimentar todos os toques do telemóvel da mãe, que só dizia de vez em quando "para com isso". Eu estava a ler e aquilo começou a enervar-me, não apenas a sucessão de toques, alto e a bom som, mas principalmente a indiferença da mãe. Foi preciso eu ir para a rua e depois a minha mãe ter dito qualquer coisa àquele pessoa que soube ter o filho mas cuidar dele, quanto menos trabalho tiver, melhor, para aquela parvoíce pagar. Há pessoas que não digo que não devessem ter filhos, mas não os sabendo educar, não deviam obrigar os outros a aturar essas irresponsabilidades. Mas num mundo onde cada um tem mais razão que o vizinho do lado, respeito e "essas coisas" estão em desuso...
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